quinta-feira, 26 de março de 2009

Pecado

Pecado: mude seu conceito sobre ele

Uma Imagem Errada

Em primeiro lugar, costumamos pensar que o pecado é algo que nos agrada, que de fato desejamos, mas que só deixamos de fazer porque Deus não gosta. Nossa idéia é de que é algo bom, porém proibido. Isso é uma mentira! A idealização do pecado, até mesmo a forma como olhamos para ele, vem de satanás.

O pecado não foi feito para o homem. Não o fazemos por gostar; na verdade, o pecado é algo que fazemos hoje simplesmente por não sabermos fazer diferente, uma vez que já nascemos no pecado. Ele só tem a ilusão de prazer, pois o prazer que traz não satisfaz. Seres eternos não se satisfazem com prazeres momentâneos.

O pecado só nos faz sofrer. Interfere em nossa função natural, traz efeitos colaterais terríveis. Desejamos a coisa certa, porém a buscamos de forma errada. Ou ainda, buscamos na fonte errada. O pecado seca os nossos ossos, adia nossa expectativa, aumenta nossa ansiedade. “É o clamor por sal vindo de alguém que está morrendo de sede”, como define um autor.

Uma Confiança Errada

Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira, e fizeram cintas para si. Gn 3.7.

A segunda idéia errada a respeito do pecado é que ele pode ser resolvido por nós. Um erro atrai o outro. Uma vez que olhamos para o pecado como algo que desejamos, será difícil resistir-lhe; na verdade, impossível. Agora, uma vez cometido, ficamos tão constrangidos (Por quê? Não era o que queríamos?) que tentamos logo solucionar nosso erro.

A reação de Adão foi exatamente esta, ele coseu folhas de figueira para esconder a sua nudez. Tão inútil que o próprio Adão se sentiu nu diante de Deus, mesmo estando vestido com aquelas folhas. Folhas de figueira se deteriorariam no próximo dia. O resultado é vergonha e medo. Adão ouviu a voz do Senhor e sentiu medo; apesar de estar vestido, sentiu-se nu.

O homem que foi criado para funcionar na dependência de Deus, uma vez desligado de seu Criador, jamais pode fazer algo que resolva seu problema. Além de ter feito a escolha errada, não está em suas mãos reverter essa situação. Se você observar, em todas as religiões há uma tentativa de fazer com que o homem pague por seus erros. São os sacrifícios, as penitências, as boas obras – tudo inútil. Aquilo que de melhor você conseguir fazer será como trapos de imundícia aos olhos do Senhor. Apesar disso, somos obstinados em nossa tentativa de melhorar a nós mesmos.

Um Temor Errado

A terceira idéia errada que temos do pecado, e a mais difícil de ser vencida, é que Deus afasta-se de nós quando cometemos pecado. Não é isso que vemos em Gênesis, quando o primeiro homem pecou. Deus não se escondeu de Adão. O que aconteceu foi justamente o contrário. Adão se escondeu de Deus. Mas Deus estava ali para solucionar o que o homem havia feito de tão terrível.

Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. Gn 3.8.

Essa passagem mostra que Deus passeava pelo jardim à procura do homem. É claro que Deus já sabia o que havia acontecido, mas, ao contrário do que nós pensamos, Deus não deixou de vir ter com o homem. Que coisa incrível! Para mim, chega a ser constrangedora essa demonstração da graça de Deus. O que Adão fez para merecer tal intervenção divina? Nada! Ali estava Deus, cuidando para que o homem não se tornasse eternamente pecador.

Pela nossa lógica, Deus deveria estar com muita raiva de todos nós, da nossa geração rebelde, pois temos transgredido a sua lei – como nunca! Em contraste total com a nossa justiça, Deus não vem nos cobrar por nossos erros. Jesus falou que aquele que comete pecado é escravo do pecado. O escravo não faz aquilo que deseja, mas aquilo que lhe é ordenado. É interessante notar que ninguém sente raiva do escravo por estar cometendo ações ruins, mas daquele que está dando as ordens. Do escravo só resta sentir compaixão. “E Jesus se compadecia das multidões...”

Uma Figura Real da Nossa Humanidade

A humanidade é como uma mulher violentada. Uma mulher que escolheu o homem errado, alguém que não a respeita e abusa de sua dignidade. O pecado fere nossa consciência e dignidade. Essa mulher causa nojo em quem olha para ela. Até o próprio diabo a despreza. Mas Deus olha para ela e ainda a deseja. Ainda a ama! De forma inexplicável, ele simplesmente ama. Não se importa com o prejuízo, com o sofrimento que terá (onisciente, ele sabe da rejeição, da indiferença, da traição – tudo isso); continua amando assim mesmo.

Ao perceber esse amor, a mulher se constrange. Não consegue acreditar, pois tudo que conhece é a dor e o abuso. Está traumatizada, envolta em seu pecado. Quantas vezes, ela quis resistir ao seu cruel senhor, mas em vão, o pecado sempre fora mais forte. “Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros” (Rm 7.23).

Ela não conhece o amor. Só tem lembranças tristes de uma busca por prazer que sempre resultou em violação de sua real vontade. Aquilo que não quero, isso sim eu faço! E se esta for mais uma busca que a deixará frustrada? Como confiar nesta irresistível vontade de acreditar no amor de Deus?

O simples aproximar de Deus a assusta. “O que será que ele quer de fato? Será mais um a me violentar? Parece me fazer boas propostas, promete-me vida eterna – mas o que será que terei de fazer em troca? Aposto que vai me custar caro...”


É uma vergonha após a outra. Vergonha por ir contra os seus princípios e, agora, vergonha por não conseguir confiar na sua provisão. Não confiamos no amor de Deus. E nem temos condições para isso! No lugar de amor, temos feridas. No lugar de confiança e fé, temos ressentimento e muita dor...

Deus sabe que sofremos. Ele sabia que não estávamos em condições, por isso não perguntou se queríamos o seu amor; simplesmente deu a sua vida, sem que tivéssemos sequer pedido, quanto menos merecido...

Ele sente nossa dor. Ele sabe do nosso trauma, da dificuldade de suportar a sua presença (que ironia – não suportamos o que mais desejamos!). É por isso que costuma manifestar-se por meios indiretos; ao mesmo tempo, permanece por perto, procurando um meio de nos beneficiar, de nos dar a solução. E sempre que surge uma chance, ele se revela, sem mágoas, sem cobrar-nos por nossos erros, oferecendo apenas seu consolo e alívio e, se permitirmos, livrando-nos da escravidão que o pecado exerce sobre nós.

O Que Nos Impede, Então?

Você deve estar pensando: “E a santidade de Deus? E a severidade?” Realmente, ler os profetas do Velho Testamento, por exemplo, pode ser uma experiência confusa. Depois de começarem com uma mensagem arrasadora de iminente juízo, capaz de aterrorizar qualquer um, eles, de repente, passam a uma mensagem de consolo e esperança da parte de Deus. Isso, sem ao menos esperar uma reação do povo.

Sem dúvida, a palavra profética vem para levar o povo ao arrependimento, pois é o coração contrito e quebrantado que Deus procura. No entanto, não podemos perder de vista o grande milagre que permite que Deus esteja com o homem, mesmo após o pecado. É o mesmo milagre que permitiu que ele se fizesse presente para Adão e Eva após a queda. Deus é santo e, ainda que quisesse, não poderia abrir mão de sua lei. Mas, por algum motivo (que eu não sei explicar), ele também não quer abrir mão do homem!

Portanto, de maneira misteriosa e harmoniosa, a lei de Deus veio como preparação e complemento para essa graça maravilhosa. Deus não tinha nenhuma expectativa ingênua de que pudéssemos cumprir sua lei, nem interesse cruel na nossa condenação. Sua expectativa é sempre que, através de conhecermos o seu alto padrão e a nossa miserável condição, venhamos nos render a ele em total humilhação, pois é aí que ele pode nos atrair a si mesmo.

A graça é providência de Deus. Se não houvesse o pecado, não haveria necessidade da graça; assim, a graça não é apesar do nosso pecado, mas por causa do nosso pecado. Deus proveu para si o Cordeiro, desceu a esse nível para nos ter de volta. Não há razão para ficarmos com medo de Deus, pois ele encontrou um meio de se relacionar com o homem, que se chama graça, e a graça só vem para aqueles que necessitam dela.

Sendo assim, não existe nada que nos impeça de entrar na presença de Deus, a não ser a nossa própria desconfiança, medo e tendência de fugir. O pecado não é impedimento, pois Deus deu o seu Filho como solução para nós. Ele inaugurou um novo e vivo caminho, que nada tem a ver conosco, com nossas obras, com nosso pecado – tem a ver com Cristo! “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo.”

Enquanto usarmos a nós mesmos como referencial, sempre existirá a má consciência; porém, a partir do momento em que voltarmos para ele, em que o exaltarmos e declararmos que só ele é digno, ele mesmo nos santificará. É na presença de Deus que somos justificados e santificados!

Diante de Deus estamos nós, e o que ele vê não é nada agradável. Porém, o que realmente importa é que estejamos diante do Senhor! Deus não desistiu de seu sonho. Hoje, vivendo no século XXI, podemos ter uma vida santa e livre. Livre do pecado e da condenação. Deus ama o mundo de tal maneira que deseja que todos entrem neste sonho. E se lhe permitirmos, ele o realizará em nós.

Veja este quadro dramático e vibre com a obra de graça que Deus deseja realizar em nós:

Então ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor.O Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás! [...] Não é este um tição tirado do fogo? Ora, Josué, vestido de trajes sujos, estava diante do anjo. Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele: Tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: Vê, tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de trajes finos. Zacarias 3.1-5.

1 comentários:

Psicóloga Rubian Davis Evangelista CRP 06/129359

É, um abismo chama outro abismo.
O diabo diz para os filhos de Deus, tudo isso te darei se prostrado me adorares. Só mostra o "lado bonito", atraente do mundo, mas não mostra a morte, a fome, a solidão, as doenças, as consequências de andar longe de Deus.
Ainda bem que temos um Sumo-sacerdote, Jesus, para interceder por nós junto ao Pai e o Espírito Santo para nos ajudar a nos aproximar mais dele, porque a carne é fraca, mas o espírito é forte.
Bjs.